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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Pressão e risco de isolamento do PT


A Prefeitura de Fortaleza sofre pressão de todos os lados. Se os partidos aliados que anunciam intenção de lançar candidato próprio efetivamente entrarem na briga pela sucessão municipal, a coalizão governista ficará em frangalhos. O candidato do PT corre risco real de não ter apoio de nenhum dos principais partidos que hoje integram a aliança. Até os nanicos ameaçam cair fora. O cenário é improvável, mas pode se tornar possível caso a condução das negociações se dê de forma atabalhoada.
O rompimento ou não com o PSB será a senha. Caso a ruptura se confirme, a debandada tende a ser geral. Se não, serão poucas as defecções. Todo mundo deseja tirar casquinha de um candidato que demonstre ter poucas chances, represente uma gestão mal avaliada e integrante de um ciclo político decadente. Mas bem menor número toparia bater de frente contra um nome com o apoio simultâneo da prefeita, do governador e da presidente. Pela forma como o PT conduz os entendimentos, o caminho natural é mesmo a divisão. As relações já estão completamente saturadas. O Governo do Estado cansou dos atritos e contratempos. Os aliados estão exaustos da forma de tomada de decisões no Município fechada num núcleo extremamente restrito. O limite considerado aceitável pelos parceiros já foi ultrapassado. Em linguajar futebolístico, está nos acréscimos. Ou a atitude muda, ou a aliança vai para o espaço.

AS ALTERNATIVAS DO PT
Em caso de rompimento, há três caminhos para o candidato do PT não ser largado na mão e evitar o isolamento. Um seria se abraçar com os pequenos. Sempre haverá nanicos dispostos a doar seus parcos segundos no rádio e na televisão, em troca das migalhas que caem da mesa do opulento banquete do poder. Outra alternativa seria buscar acordo com o PMDB. O partido de Eunício Oliveira está insatisfeito com o espaço de que desfruta na coligação. Hoje parece improvável a permanência na aliança na hipótese de Cid Gomes cair fora. Contudo, pode se tornar plausível, a depender das condições oferecidas. Os peemedebistas poderiam negociar de forma muito mais vantajosa se não tivessem de disputar espaço com o PSB. A vice, por exemplo, estaria garantida. O que garantiria ao candidato tempo de TV esmagadoramente superior ao dos demais concorrentes. A terceira opção seria um movimento ousado, mas já ensaiado desde 2010: a coligação com o PR do ex-governador Lúcio Alcântara.

Meses antes da última eleição estadual, o PT ainda temia o apoio de Cid a Tasso Jereissati (PSDB) na eleição para o Senado, em detrimento de José Pimentel. Na ocasião, Lúcio foi convidado para ir à sede estadual petista. A reunião, oficialmente, tratou do palanque local da então candidata presidencial Dilma Rousseff, a quem o PR também apoiava. Mas o tema eleição estadual entrou na pauta. No final, Cid fechou mesmo com o PT, Tasso rompeu e acabou derrotado. O PR, sozinho, lançou Lúcio ao governo. Terminou em terceiro. Mas a semente permaneceu plantada. Recentemente, dirigentes do PR já acenaram com nova chance de aproximação com o candidato petista, no caso de fim da atual aliança.

O FATOR 2014
Atualmente, só o governador Cid Gomes sustenta as chances de manutenção da aliança entre PT e PSB. Todo o resto do staff estadual – Ivo Gomes, Ciro Gomes, Arialdo Pinho, Zezinho Albuquerque – trabalha com a ideia de romper. A Prefeitura percebe sinais de que a aliança só terá condições de se manter caso a negociação envolva 2014. Ou seja, o PT precisará se comprometer a apoiar o candidato de Cid Gomes ao Palácio da Abolição. E também abrir mão de disputar o Senado. Tal acordo precisaria envolver não apenas Luizianne, mas os dois outros comandantes do PT estadual: o deputado federal José Guimarães e o senador José Pimentel. E tanto a prefeita quanto o deputado têm pretensões de disputar uma das vagas majoritárias daqui a dois anos. Muito petista acredita que o preço de amarrar o compromisso desde já pode se mostrar alto demais.

A ATITUDE DO AINDA ALIADO PSB
Enquanto ainda não sabe se vai ou se fica na aliança, o PSB arquiteta bases bastante sólidas em Fortaleza. Todo mundo já dá como certo que o partido deverá eleger a maior bancada de vereadores na Capital – entre oito e 10 parlamentares. Uma força indispensável para a tranquilidade política de qualquer prefeito que venha a ser eleito. E hoje, o partido do governador fará a festa de lançamento do chamado “Atitude 40”. Ao longo do primeiro semestre, a legenda percorrerá oito bairros da Capital – Pirambu, Serviluz, Antônio Bezerra, Parangaba, Conjunto Ceará, José Walter, Edson Queiroz e Messejana. O objetivo é ouvir a população, colher propostas, na montagem de uma plataforma de ideias para a cidade. A depender das circunstâncias, poderá se transformar em programa de governo de uma eventual candidatura. Além disso, haverá exposição das ações do Governo do Estado em Fortaleza, nos moldes do que Ivo Gomes apresentou há uma semana. A ideia é também mexer com a vida dos bairros, levando shows promovidos em parceria com a Associação Cearense de Rock. Serão colocadas ainda rampas de skate e haverá apresentações de wheeling – acrobacias com motos. Nos dias que antecederem as visitas, serão realizadas oficinas de grafite, para decorar o espaço. Para o lançamento de hoje à noite, no buffet Mon Cheri, foram convidados representantes de partidos aliados, como PT, PDT, PCdoB, PMDB e PHS. No caso petista, o convite foi estendido a representantes das várias correntes, como Camilo Santana, Acrísio Sena, Artur Bruno, José Pimentel e o presidente municipal Raimundo Ângelo.


Postada:Gomes Silveira
Fonte:Matéria extraida do Portal O Povo

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