O governador certamente detectou que o juízo que a maioria faz da gestão municipal teria peso favorável para si e para o PSB
Tanto Luizianne Lins quanto Cid Gomes têm as suas próprias pesquisas de opinião. Prefeitura e Governo não vivem sem elas. Portanto, prefeita e governador sabem muito bem o grau de rejeição e de aceitação das gestões tanto de um como do outro.
É sintomático Cid Gomes ter colocado em pauta a necessidade de uma pesquisa da gestão de Luizianne Lins em Fortaleza. O governador certamente detectou que o juízo que a maioria faz da gestão municipal teria peso favorável para si e para o PSB nesse imbróglio de Fortaleza.
Ou seja, os resultados de uma pesquisa de opinião tenderiam, é claro, a fragilizar as posições de Luizianne Lins na negociação política de Fortaleza.
Pelas últimas palavras proferidas em público, o governador avalia que mesmo um nome patrocinado por ele e pela prefeita em Fortaleza corre o risco de se afogar na rejeição. Ou seja, seriam fortes as chances de esse nome atrair para si a rejeição de um e de outro, somadas. A pesquisa também seria o instrumento capaz de detectar tal possibilidade.
Mas, e se as pesquisas realmente indicarem que a gestão municipal é má avaliada e que as sombras das duas grandes mangueiras, juntas ou separadas, podem fazer um candidato murchar? O que fazer? Nada. Isso faz parte do jogo.
É assim mesmo que as coisas funcionam. Se a maioria do eleitorado considerar que é hora de mudar, que assim seja. Se, na dinâmica da campanha, a maioria achar que deve manter na Prefeitura uma correlação de forças similar ou próxima da que existe hoje, também está ótimo.
Um dos problemas da política brasileira é o coroamento da pesquisa como instrumento principal de decisão política, partidária e eleitoral. Em muitos casos, as consultas de opinião substituem os partidos. Substituem até o instinto dos políticos.
É comum ouvirmos os políticos defenderem seus nomes para candidaturas a cargos executivos tomando como base resultados das pesquisas. Pode ser um caminho errado. Foram as pesquisas que levaram o PSDB a encarar uma nova candidatura de José Serra quando a percepção geral indicava que suas chances de vitória eram parcas.
Teria sido diferente para o PSDB se a escolha tucana tivesse recaído sobre o mineiro Aécio Neves? Talvez sim. Talvez não. Porém, é certo que os tucanos teriam fortalecido a opção para 2014. Com Serra, foi o oposto. Perceberam como a pesquisa pode ser má conselheira?
A pesquisa como oráculo da política dificulta o surgimento do “novo”. É claro que elas são bons instrumentos auxiliares a serem considerados. O problema, repito, é a importância exacerbada que se concede a elas no processo de decisão.
Sem pesquisas na mão, com base exclusivamente no cenário, sabe-se que a próxima campanha deve precisar de dois turnos para ser resolvida. Por muito pouco, não houve segundo turno em 2008. Agora, com a diluição das forças políticas e com a grande aliança fragilizada, só o surgimento de um grande fenômeno eleitoral para vencer a disputa no primeiro turno. Muito improvável.
O segundo turno é, ao mesmo tempo, a sequência do primeiro e uma nova eleição. Sim, uma nova eleição por provocar a reorganização das forças políticas em torno dos dois nomes que ficaram.
Como ocorreu em 2004, terão andado meio caminho para o segundo turno os dois candidatos que obtiverem em torno 25% das intenções de voto. Aguardemos.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo