
Senador Requião: a %u201Cgrande política%u201D foi esquecida
No Governo Dilma, a base aliada, com seus setores rebeldes, dá mais trabalho do que a própria oposição. Mesmo que lideranças do Governo Federal neguem a existência de uma crise, a presidente vem enfrentando a morosidade na tramitação de projetos considerados prioritários e já tem sofrido algumas derrotas nas Casas Legislativas Federais. O Partido da República (PR), que compunha a base nas gestões de Lula e ajudou a eleger Dilma, já se desligou do Governo e, pelo menos no Senado, já se colocou como partido de oposição.
No último mês de março, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), admitindo preocupação com as eleições de 2012, chegou a divulgar nota demonstrando insatisfação quanto à hegemonia do Partido dos Trabalhadores (PT). Parlamentares peemedebistas consideram o tratamento recebido pelo Governo de “injusto” e “desigual” e afirmam que o PT estaria empenhado em assumir o lugar do PMDB como maior partido com base municipal do país.
O professor de Ciências Políticas da Universidade de Fortaleza (Unifor), Francisco Moreira Ribeiro, afirma que a larga base de apoio ao Governo petista é fruto do adesismo. “Aquela adesão não tem vínculos programáticos. As adesões assim como as rupturas que estão ocorrendo, com essa crise que se instalou no governo com a base, têm finalidade eleietoral”, defende. Para Ribeiro, os partidos vêm fazendo oposição ou situação de acordo com o momento, e com a necessidade de tirar maior proveito eleitoral.
Já o professor Valeriano Costa, professor de Ciência Política da Unicamp, explica que a base está insatisfeita com a atitude do Governo, com relação à retenção e contingenciamento de verbas e emendas parlamentares. “Isso criou desconforto e a Dilma está demorando muito na negociando para substituição e nomeação dos ministros que hoje são provisórios”, argumenta.
A crise com a base já vem resultando em derrotas ou atrasos no Senado e na Câmara Federal. Um exemplo foi a tramitação do projeto que cria o Regime de Previdência Complementar do Servidor Público da União (Funpresp) e fundos de pensão, não tramitou com a pressa desejada pelo Governo, embora tenha sido aprovado na última quarta-feira, no Senado.
Desencanto
Diante da aprovação da Funpresp, senador Roberto Requião (PMDB-PR) confessou seu desencanto com a política brasileira. Em protesto, ele denominou o Senado de “geleia geral em que se transformou o Senado”. Para o senador, os políticos de esquerda cortaram os laços com a ideia de transformação da sociedade brasileira, “que em um dia tão distante cultivamos”’. Segundo ele, a “grande política” foi escorraçada do Parlamento e dos sindicatos e hoje está confinada aos livros.
Na avaliação do parlamentar, PT, PCdoB, PSB e PDT, que ajudaram a aprovar a Funpresp, “não perceberam ainda” que, nos últimos 30 anos, o país está se desindustrializando com as políticas liberais. Ele criticou a ausência de uma “política séria” que contenha o ingresso do “capital vadio” na Bolsa de Valores e evite “a política de terra arrasada” causada pelo dólar barato. (Lucinthya Gomes - lucinthya@opovo.com.br)
Saiba mais
Mesmo que a oposição venha se empenhando em atacar o Governo Federal, sob o ponto de vista da ética e da moralidade, a presidente Dilma Rousseff, mesmo com a substituição de vários ministros por suspeita de corrupção, tem conseguido se preservar diante da opinião pública. Para a população, ela é quem está fazendo uma verdadeira “faxina” no Governo.
A propósito, o primeiro ano do Governo Dilma foi melhor avaliado do que o primeiro ano das duas gestões do ex-presidente Lula. Pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo em janeiro indica que 59% da população considera a administração de Dilma boa ou ótima.
Nos dois primeiros anos de gestão, Lula conseguiu a aprovação positiva de 42% e 50%, respectivamente.
O índice de confiabilidade da presidente empata com o de Lula em seu primeiro mandato no Palácio do Planalto. Segundo pesquisa do Ibope divulgada no último mês de dezembro, ela conta com a confiança de 68% dos entrevistados.
Postada;Gomes Silveira
Fonte:O Povo
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