Três semanas depois do fatídico dia 3 de janeiro, o governador do Estado, finalmente, comentou o caos que o Ceará viveu: "É melhor você não ir mais mexer com o que está quieto"
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Para Cid, episódio foi mais "guerra de terror de comunicação"
O governador Cid Gomes (PSB) propôs ontem que não se comente mais sobre o “dramático” dia 3 de janeiro, data em que a greve da Polícia Militar causou pânico generalizado no estado e decretou “feriado” em diversas regiões do Ceará.
Três semanas após o fato, Cid rompeu o silêncio dizendo que o melhor seria “apagar” o assunto. “Olha, tem coisas que eu não sei se é melhor a gente passar um apagador, e não fazer mais comentário. Talvez essa seja uma das coisas. É melhor você não comentar mais, é melhor você não ir mais mexer com o que está quieto”, declarou o governador, em entrevista após apresentar obras do futuro Centro de Eventos a membros das cooperativas de transporte alternativo.
Cid considerou que a greve da Polícia Militar no Ceará faz parte de um “movimento nacional” que já se manifestou em vários outros estados e lamentou que os trabalhadores que fazem a segurança pública já não aceitem mais os aumentos salariais que só contemplam a reposição da inflação. “Os brasileiros não se conformam mais com reposição da inflação, eles querem ganhar mais e infelizmente isso contaminou a área da segurança pública”, avaliou.
O governador argumentou ainda que fez o que deveria ser feito na “fatídica e dramática” terça-feira e que não se pronunciou em público por considerar que não seria um gesto que ajudaria a resolver o problema.
O governador lembrou que, mesmo antes do Réveillon, quando a greve já havia sido anunciada, o Governo do Estado já vinha trabalhando para assegurar a segurança da população. “Desde o momento em que nós tomamos conhecimento da manifestação, nós convocamos (...) a Força Nacional (...) e pedimos a presença das Forças Armadas e foi destacado o Exército”, ressaltou.
Negociações
No dia em que o medo generalizado interrompeu as atividades em Fortaleza e outras regiões do Estado, Cid ficou em seu gabinete negociando e acompanhando a situação até o início da manhã do dia seguinte. “Eu recebi o arcebispo, a procuradora geral de Justiça, os dirigentes da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas)”, afirmou.
Ao receber notícia de um arrastão na avenida Monsenhor Tabosa, o governador chegou a olhar no sistema de câmaras de vídeo como estava a situação no local. Segundo ele, estava tudo normal. “Aquilo foi muito mais uma guerra de terror de comunicação do que uma insurgência de atos de violência na cidade”, disse.
Instado a avaliar se este teria sido o pior momento de sua gestão e a dizer se considera ter ocorrido algum erro por parte do Governo do Estado, o governador não respondeu objetivamente a nenhuma das perguntas. Durante a entrevista, Cid destacou que respeita a Polícia Militar e depois lembrou que, diariamente, três ou quatro PMs fazem sua segurança pessoal.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
É sintomática a iniciativa de Cid resolver falar sobre o assunto que muito o incomodou. Pode ser um sinal de que o governador saiu da situação de defensiva. É acompanhar para ver se o resultado surtirá efeito
Bate-pronto
Cid Gomes (PSB), governador do Estado do Ceará
O POVO - O senhor acha que aquela terça-feira pode ter sido o pior momento de sua gestão como governador?
Cid Gomes - Foi um momento muito dramático da história do Ceará. O meu comportamento naquele momento foi de buscar assegurar a segurança. (...) O que aconteceu naquela fatídica terça-feira foi muito mais uma guerra de terror de comunicação do que de fato uma insurgência de atos de violência na cidade.
OP - Terror de comunicação, mas por parte de quem?
Cid - Ah! Eu não sei por parte de quem, procure investigar.
OP - O que levou a isso? Houve erro no governo?
Cid - Olha, tem coisas que eu não sei se é melhor a gente passar um apagador e não fazer mais comentário. Talvez essa seja uma das coisas. É melhor você não comentar mais, é melhor você não ir mais mexer com o que está quieto. Há uma coisa nacional, já houve movimentos semelhantes no Pará, em Rondônia, no Acre, em Roraima, na Paraíba (...).
Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo
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