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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

AMEAÇA BÉLICA - Irã testa novos mísseis no Estreito de Ormuz

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País exibe arsenal de guerra devido a ameaças de sanções contra suas exportações petroleiras feitas pelos Estados Unidos e alguns países da Europa. Autoridades lamentam atitude do governo iraniano
Projéteis são suficientes para monitorar a rota mundial de petróleo, o que pode gerar tensões com os EUA e a Europa

Teerã. O Irã testou ontem dois mísseis na região do Estreito de Ormuz, passagem estratégica do tráfego de petróleo, no momento em que os países ocidentais ameaçam reforçar as sanções contra a República Islâmica por seu programa nuclear.

"O míssil terra-mar de longo alcance Ghader foi testado com êxito pela primeira vez", anunciou a agência oficial Irna.

"O Ghader, com alcance de 200 km, construído por especialistas iranianos, atingiu o alvo com êxito e o destruiu", afirmou o almirante Mahmud Mussavi, porta-voz das manobras navais executadas pelo Irã na região do Estreito de Ormuz, por onde circula 35% do tráfego petroleiro marítimo mundial.

"Ghader é um sistema de mísseis ultramoderno com radar integrado, muito preciso, cujo alcance e sistema inteligente para evitar ser detectado foram aperfeiçoados em relação às gerações anteriores", disse.

Pouco depois, o almirante Mussavi anunciou à TV estatal iraniana o "teste com êxito" de um míssil de curto alcance Nasr.

"Um míssil de superfície Nur será lançado à tarde. Este míssil ultramoderno Nur foi aperfeiçoado em seu sistema antirradar e na detecção do alvo", afirmou.

O míssil Nur, que também tem alcance de 200 Km, é um derivado do C-802 chinês de 120 a 180 Km de alcance.

No domingo, o Irã anunciou que, no último dia das manobras militares, os navios de guerra da Marinha validariam um novo dispositivo tático que demonstraria a capacidade do país para impedir qualquer tráfego marítimo no Estreito de Ormuz se este for o desejo de Teerã.

O governo iraniano ameaçou fechar o estreito estratégico no caso de sanções contra suas exportações de petróleo, mencionadas como uma possibilidade pelos Estados Unidos e alguns países da Europa.

Observadores de países amigos, em particular militares sírios, acompanham a etapa final das manobras, segundo a imprensa iraniana.

No domingo, a Marinha iraniana testou um míssil mar-ar Mehrab. O projétil, concebido e fabricado pelo Irã, está equipado com a tecnologia mais recente para combater objetivos furtivos e sistemas inteligentes que tentam interferir na trajetória do míssil, segundo Mussavi.

Os EUA já criticaram o "comportamento irracional do Irã" e afirmaram que nenhuma perturbação no Estreito de Ormuz seria tolerada.

Desespero

O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, afirmou ontem que as manobras militares no estreito de Ormuz revelaram seu desespero diante das reforçadas sanções impostas pelos países ocidentais.

"Essas manobras (da semana passada) no estreito de Ormuz, e os tiros de mísseis nesta segunda-feira na mesma região refletem, na minha opinião, o desespero do Irã diante do reforço das sanções", disse Barak.

"O teste de mísseis constitui ´um sinal muito ruim´ para a comunidade internacional", afirmou o Ministério das Relações Exteriores da França. "Lamentamos este sinal muito ruim enviado à comunidade internacional com os recentes testes de mísseis anunciados pelo Irã", afirmou o porta-voz do Ministério, Bernard Valero.

Segundo maior país membro da Opep, a economia do Irã depende em 80% das exportações de petróleo.

O presidente americano, Barack Obama, promulgou uma lei sobre o financiamento do Pentágono que reforça as sanções contra o setor financeiro do Irã, em particular o Banco Central, com o objetivo de obrigar o país a abandonar o programa nuclear.

Para desafiar, Teerã anunciou no domingo um avanço no programa nuclear com a produção de barras de combustível para reatores nucleares.

O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, declarou que o BC responderia com força às sanções americanas. "O Banco Central pode enfrentar as pressões dos inimigos e deve, com força e confiança, ter a solidez para eliminar todos os complôs inimigos", disse.

Apesar da retórica, a moeda iraniana, o rial, prosseguiu ontem na trajetória de queda em relação ao dólar, passando a 16.400 rials por um dólar.
 
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste

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