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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sem negociação - Colômbia recusa acordo com Farc

Em resposta ao comunicado das Farc, Juan Manuel Santos disse que não vai aceitar mais retórica e que o país quer ações claras de pacificação
O presidente colombiano rejeitou a proposta da guerrilha para que seja retomada uma negociação de paz

Caracas O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, rejeitou ontem a possibilidade de negociar de imediato um acordo de paz com as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc), após um aceno da guerrilha.

"Não queremos ressuscitar as fracassadas conversações de paz de 10 anos atrás", disse Santos, referindo-se ao chamado do atual líder das Farc, Timochenko, para retomar as negociações realizadas entre o governo e a guerrilha entre 1998 e 2002.

Em resposta ao comunicado das Farc publicado na segunda-feira pela Anncol (agência de notícias do grupo na internet), Santos disse que não vai aceitar mais retórica e que o país quer ações claras em prol da paz.

"Que se esqueçam da ideia de um novo Caguán", postou o presidente em sua conta no microblog Twitter, em referência à área desmilitarizada durante as antigas negociações.

A guerrilha pediu a retomada de conversações de Caguán, processo liderado pelo ex-presidente Andrés Pastrana, que antecedeu Álvaro Uribe, no município de San Vicente del Caguán, Departamento (Província) de Caquetá, no sudeste do país.

Analistas ouvidos acreditam que apesar do tom duro do presidente colombiano, um clima favorável para novas negociações está sendo criado.

Para o cientista político da Pontifícia Universidad Javeriana, Eduardo Pastrana, as Farc erraram ao mencionar o processo de Caguán em seu aceno para a retomada das conversas.

"As Farc escolheram a pior maneira possível, porque a população ainda se lembra do fracasso de Caguán", destacou.

"Foi lá que a guerrilha descumpriu sua palavra e, em meio ao processo de paz, atacou civis, continuou com os sequestros e deu mais combustível ao radicalismo que viria depois com o militarizado governo de Álvaro Uribe", avaliou o cientista político.

Uribe apertou o cerco contra as Farc assim que começou a governar o país em 2002, ajudando a desmontar militarmente a guerrilha. Apesar do relativo sucesso em sua estratégia, foram registradas várias violações de direitos humanos no período.

O especialista em conflitos Ariel Ávila da Corporación Nuevo Arco-Íris disse que a resposta do presidente às Farc foi previsível. "Santos não diria algo receptivo porque a sociedade colombiana rejeita fortemente o que aconteceu durante o processo de paz de Caguán", disse Ávila.

Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste

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