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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Politica - O sumiço da cidade no debate eleitoral



As intensas movimentações políticas deste início de ano com vistas às eleições de outubro animam o noticiário e as rodas de conversa. Que bom ser assim. É sinal de que respiramos os melhores ares, oxigenados pela liberdade de opinião e expressão. Tem partidos e nomes - alguns dos quais, caro leitor/internauta, você nunca tinha ouvido falar - para todos os gostos. É a festa da democracia, diriam. Os plenários e os corredores parlamentares, de volta, estão fervendo. Nas especulações sobre possíveis coligações e rompimentos, o frisson se repete. Mas a ebulição para aí. Infelizmente. A cidade, cuja administração é o objeto de consumo de todos eles, passa ao largo de tudo isso. Não se ouve uma vírgula, de nenhum deles, sobre os problemas e desafios que afligem Fortaleza. E eles são muitos e enormes.



Mas na cabeça do político, é como se a cidade fosse um ente intangível. Irreal e
sem vida. É uma pena que tanta energia e competência sejam canalizadas para a mera disputa do poder pelo poder. E é igualmente lamentável que daqui a pouco tempo, na próxima gestão, estejamos aqui, questionando a falta de aptidão e de competência do eleito para o cargo de prefeito. Aí será tarde demais.

O MAIOR PECADO DA GESTÃO LUIZIANNE

A falta de envolvimento com a cidade e a ausência de disposição para discuti-la naquilo que a deixaria melhor para ser viver é unânime entre todas as forças e grupos políticos. Até nisso eles são parecidos. Mas é justo que se cobre mais de quem está no poder. Afinal de contas, é inegável que o conhecimento das entranhas da máquina pública e das limitações de execução e financiamento é mando de campo de quem foi eleito nos pleitos passados. Nesse particular, a gestão Luizianne Lins (PT) comete um de seus maiores pecados. O Município não tem um plano de desenvolvimento e de convivência entre as várias “cidades” que Fortaleza comporta. Projetos e obras, grandes e pequenos, atuais e antigos, foram pensados e são tocados do jeito que dá. No improviso. O Plano Diretor, que poderia ser um grande aliado, pasmem, ainda não foi regulamentado. Tem legislação para quase tudo, mas, sem aplicação nem fiscalização, é como se não existisse. O Iplanfor ainda é uma miragem.

Não é de admirar que em vários aspectos, vivemos um faroeste urbano. Dos camelódromos a céu aberto a grandes construções feitas na marra, via ordem judicial. Das poluições sonoras e visuais ao show de horrores também conhecido como trânsito de Fortaleza. Sem se falar nas dezenas de centenas de pessoas que agonizam, alguns morrendo, à míngua, em corredores de postos de saúde e hospitais.

SEM CONTEÚDO, PARTIDOS APELAM PARA PESQUISAS

A partir das descrições acima, chegamos à conclusão que nossos líderes estão divorciados com a cidade que governam ou que pretendem comandar. Então, qual a solução, diante disso? O que fazer para ter competitividade em uma corrida eleitoral tão dura e complexa? Ora, encomende pesquisas. Pergunte ao público o que mais o preocupa e como gostaria que fosse solucionado. Em que áreas a Prefeitura deveria investir mais. Depois, pegue as respostas e as transforme em slogan de campanha, frases de efeito nas entrevistas e refrãos dos jingles de campanha. Aproveite a mesma sondagem e submeta ao eleitorado alguns nomes que poderão concorrer a prefeito. Pronto. Percebem? Há muito tempo deixou de existir a paixão política e a visão de mundo nas disputas político-eleitorais. Com as exceções de sempre, o pragmatismo venceu. Que o diga o PT, um partido que nasceu e se desenvolveu com base justamente no contrário.

Em São Paulo, uma pesquisa (sempre a pesquisa) vai procurar saber o que os eleitores da cidade acham de uma aliança entre o partido do pré-candidato Fernando Haddad e o PSD do prefeito Gilberto Kassab. Nada contra as pesquisas, quando usadas para fins menos eleitoreiros. A questão é que esses estudos de campo estão substituindo o debate político nos próprios partidos e denunciando a falência de conteúdo de seus dirigentes.

Postada:Gomes Silveira
Fonte:Matéria extraida do O Povo

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