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terça-feira, 3 de abril de 2012

O calendário petista e o tempo de Cid



O aquário pode até se mostrar vantajoso como negócio. Mas a falta denúmeros consistentes deixa o Estado vulnerável à crítica

A prefeita Luizianne Lins (PT) degusta amargo chá de cadeira que lhe impõe Cid Gomes (PSB). O governador é useiro e vezeiro na estratégia de adiar ao máximo as decisões para contornar os problemas pelo cansaço. Em 2008, enquanto a prefeita resistia a aceitar Tin Gomes (PHS) como candidato a vice-prefeito, ele fingiu que a eleição nem existia. Depois de um mês de campanha na rua, Luizianne cedeu. Em 2010, foi Tasso Jereissati (PSDB) quem cansou de esperar, anunciou o rompimento e acabou se dando mal. Mas o “cozimento” do PT tem data para terminar. Já está decidido que não haverá prévias. Tal definição precisava ocorrer até sábado passado. O grupo da prefeita até preferia a votação entre todos os filiados. Mas a pressão da direção nacional para que se evite a disputa interna e seja buscada a unidade prevaleceu. A definição será no encontro do partido, marcado para 20 de maio.
Já houve vários adiamentos – a sigla pretendia definir o candidato em dezembro, depois 15 de janeiro, em seguida o fim daquele mesmo mês, postergou para fevereiro e, por fim, março. Mas nova prorrogação é mais improvável e exigiria operação menos simples. A data agora acertada é oficial, não mera intenção, como antes. A realização do encontro é um dos pilares da democracia interna petista. É inegociável. Caso Cid deseje ter voz na escolha e tentar manter a aliança, precisará realizar as tratativas até lá. Não poderá dizer que não sabe como as coisas funcionam no aliado. Mas talvez tenha argumentos para dizer que não foi consultado, não concorda e, por isso, não apoiará quem vier a ser apontado.

Vale lembrar que o processo de debate interno do PT já forçou o governador a antecipar prazos. Em 2006, a legenda decidiu apoiar o então candidato ao Executivo estadual antes mesmo de ele admitir que iria concorrer. O encontro foi em 21 de abril, no ginásio poliesportivo da Parangaba. Depois de os petistas majoritariamente decidirem abrir mão de ter candidato ao governo cearense – pela primeira vez desde 1982 – Cid fez a primeira manifestação de que disputaria a sucessão de Lúcio Alcântara. Com as bênçãos petistas, ele se disse mais à vontade para falar em candidatura. O resto é história.

A VIABILIDADE DO AQUÁRIO
Preocupa a manifestação do Estado sobre a ausência de plano de negócios para o aquário. Recentemente, a coluna defendeu que o empreendimento não pode apenas ser avaliado pelo viés do custo, mas também do retorno que pode propiciar. Dessa equação é possível saber se o negócio é bom ou ruim, do ponto de vista econômico – que, claro, não é o único viés. No entanto, sem plano de negócios, fica difícil avaliar a consistência das projeções. Por exemplo, a coluna já reproduziu questionamento do economista Ricardo Pamplona. Ele disse que já há mais de 100 aquários similares mundo afora e outros tantos em construção. Qual seria o diferencial para atrair os turistas esperados e fazer com que busquem o equipamento da Praia de Iracema, não qualquer outro da mais de centena de opções que há por aí? Outro leitor, Dorelland Ponte Lima, informa que, segundo ele, o oceanário de Lisboa recebeu 951 mil visitantes em 2010. O lucro foi de 1,36 milhão de euros (aproximadamente R$ 3 milhões). Muito menos que os cerca de R$ 20 milhões de faturamento esperados no Ceará. Como disse, o aquário pode se mostrar vantajoso como negócio. Caso seja capaz de transformar o perfil do turismo local, seguramente trará retorno muito maior que o gasto. No entanto, não há dados públicos que permitam ter segurança de que isso ocorrerá. A falta de números consistentes deixa o Estado vulnerável à crítica. E torna difícil contestar quem reclama do uso de quantia tão elevada em projeto de retorno não comprovado.
POR DENTRO DOS PALÁCIOS
Lançada ontem, a revista O POVO Cenário mostra quem são, como operam e qual o papel e a influência dos secretários e interlocutores mais poderosos de cinco dos mais importantes governos do Nordeste. O diagnóstico é traçado por repórteres de Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte e Piauí. Sobre o Ceará, este colunista aborda o papel desempenhado por Arialdo Pinho, Ivo Gomes e Ciro Gomes. Escrevo também sobre guerra fiscal e traço um perfil político de Luizianne Lins.





Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo

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