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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Segurança, o ponto crítico




A segurança pública é a área mais crítica do governo Cid Gomes (PSB). Foi o coração de sua primeira campanha e, entre o primeiro e o segundo mandato, passou pela mais radical guinada administrativa. Nada deu resultado. O crescimento dos crimes contra bancos é alarmante e a situação está fora de controle. A Secretaria da Segurança Pública, em janeiro deste ano, fez contorcionismo matemático para demonstrar a diminuição desse tipo de crime em relação à gestão do secretário anterior, Roberto Monteiro. A verdade é que os indicadores já eram ruins antes e, parafraseando Nelson Rodrigues, ficam piores a cada 15 minutos. O número de ocorrências em 2011 já havia sido recorde, mas 2012 caminha célere para superar a marca. O caso de Pentecoste foi particularmente grave porque a mesma quadrilha já havia cometido crime semelhante há pouco tempo. E, como O POVO mostrou ontem, foram feitas recentes promessas de que a prisão desses marginais era “questão de dias”. Como não foram especificados quantos, continuamos a esperar que sejam detidos.

O líder do governo na Assembleia, Antônio Carlos (PT), disse ontem que nunca se investiu tanto em segurança. Pura verdade. E acrescento: nunca se investiu tanto com resultados tão pífios.

ESTRANHO SILÊNCIO
Entre tantas esquisitices nos empréstimos consignados, poucas são tão, digamos, intrigantes quanto o silêncio de vários dos envolvidos. Desde setembro, as empresas Promus, CCI e até o secretário da Casa Civil, Arialdo Pinho, são publicamente acusados por parlamentares de tráfico de influência para explorar o endividamento de servidores. Quem é acusado injustamente normalmente costuma ir a público se defender e reage com indignação. No episódio, porém, a resposta tem sido o silêncio. Como se aguardassem o assunto ser esquecido. E como se quem presta serviço público não tivesse satisfações a dar.

PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS E O ROMBO QUE NÃO PARA DE CRESCER
O custo de R$ 1,7 bilhão para o Estado é enorme, mas pode ficar ainda maior se o governo continuar a postergar o pagamento do que deve aos professores de universidades estaduais. Eles esperam por esse dinheiro desde antes de Tasso Jereissati (PSDB) virar governador pela primeira vez. O caso transitou em julgado há mais de 15 anos. A administração pública tem o direito e o dever de recorrer, mas há exagero evidente, em prejuízo do interesse coletivo. Quanto mais o assunto é empurrado, mais a despesa aumenta. O problema, no máximo, será transferido para o próximo governo resolver. Os professores têm o direito reconhecido ao pagamento e não são culpados pela demora que fez o custo sair do controle. A melhor alternativa é tentar acertar o quanto antes a forma como o desembolso será feita e começar logo a pagar. As recentes decisões judiciais deixam claro que não será admitido que o assunto continue a ser prorrogado por muito mais tempo. No que o Judiciário faz muito bem.

PODE SER LEGAL, MAS NÃO É MORAL
Numa interpretação estrita da lei, tudo pode até estar correto. Mas é muito feia a superexposição dada pela administração municipal a Elmano de Freitas. Por subterfúgios que buscam esticar ao máximo o limite que separa a legalidade do crime eleitoral, a Prefeitura de Fortaleza dá a maior visibilidade possível ao seu pouco conhecido pré-candidato. O uso da máquina é o instrumento para tanto. Elmano é um homem correto e, até onde se saiba, de conduta inatacável. Nas poucas oportunidades em que conversamos, tive dele muito boa impressão. Parece homem sério, de boa formação. Não precisava do constrangimento de ser favorecido por espertezas dessa natureza. Pelas impressões iniciais que tive dele, é de admirar até que compactue com estratégia tão matreira. Hoje, entregará mil notebooks a professores da rede municipal. Coincidentemente, é o dia de seu aniversário. Tudo bem, o homem é secretário da área. Mas fica o forte odor de coisa eleitoreira. E não para aí. Ontem, o secretário inaugurou creche que está em funcionamento desde 2010. Mas só lembraram de fazer festa no ano eleitoral. Na segunda-feira, foi mais estranho ainda.

Elmano, como representante da prefeita Luizianne Lins (PT), deu posse simbólica ao novo secretário do Meio Ambiente, Adalberto Alencar. Já seria inusitado um secretário empossar a outro, sem que haja subordinação hierárquica. Quando o responsável por dar posse ao colega é também o favorito para concorrer a prefeito pelo partido da atual governante, fica impossível não enxergar no ato tentativa de campanha antecipada. Como sempre na administração pública, não basta ser honesto, é preciso parecer honesto. No caso, definitivamente a postura soa um tanto desonesta.
 
PESOS E MEDIDAS
Engraçado como órgãos que deveriam zelar pelo interesse coletivo se portam em conflitos nos quais poderosos grupos econômicos estão do outro lado. Em 2003, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou aumento de 34% na conta de energia do cearense. Agora, decidiu por redução superior a 10%. Quando era para aumentar o preço, o reajuste foi de uma vez só. Para reduzir, a Aneel disse que o desconto será escalonado. O cuidado, esclarece, é para evitar uma forte baixa em 2012, seguida de alta considerável em 2013, quando não haveria mais o desconto. Com isso, poderia haver descontrole do orçamento do consumidor, coitado. Curioso que não tenha havido a mesma cautela na hora de aumentar a despesa.




Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo

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