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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Politica - Greves: vai ficar pior



No Ceará, a greve dos policiais estourou nas vésperas do Réveillon. Agentes de trânsito pararam durante o Pré-Carnaval. Não por acaso, são as duas maiores festas populares de Fortaleza. Na Bahia, os PMs realizam a paralisação poucos dias antes de um dos maiores carnavais do planeta.

No Rio de Janeiro, também há perspectiva de protesto nos dias que antecedem a festa. Aproveitar tais momentos pode ser cruel do ponto de vista da maior pressão pela presença do poder público em tais momentos.
Em certos casos, chega a ser irresponsável e leva à perda de vidas. No entanto, é maquiavelicamente inteligente do ponto de vista da estratégia de enfrentamento político.


Quanto maior o potencial de tormento causado na vida das pessoas, maior a pressão dos grevistas sobre os patrões para atenderem às reivindicações. É do jogo. A má notícia é que ficará pior, muito pior. Nos últimos meses, o número de paralisações tem aumentado em ritmo impressionante.

E a tendência é que o processo se intensifique de modo radical. Sobretudo na esteira da Copa do Mundo de 2014. Operários envolvidos nos preparativos para o Mundial de Futebol já têm feito paralisações em várias partes do Brasil. Para esta sexta-feira, é anunciada reunião em Fortaleza para discutir possibilidade de greve nacional contra o que denunciam ser condições precárias de trabalho nas obras para a competição.

Os governos correm contra o tempo e a maior parte das intervenções previstas está atrasada. Mesmo breves interrupções podem causar prejuízos enormes e talvez insanáveis à realização do evento. A tendência é que os vários setores que interferem direta ou indiretamente na organização – e isso inclui a cidade inteira – aproveitem o momento para pressionar.

Quanto mais próxima estiver a Copa e quanto menor for o tempo para resolver pendências e atender demandas, mais os movimentos de trabalhadores irão se aproveitar. Isso não é nenhuma novidade. Foram várias as paralisações tanto durante a Copa da África do Sul, em 2010, quanto na própria Alemanha, em 2006. Na Copa passada, por exemplo, os seguranças fizeram greve. Quatro anos antes, na última Copa europeia, os médicos chegaram a suspender as atividades.

JUSTIÇA NÃO SUBSTITUI NEGOCIAÇÕES
Os governos aprenderam caminho para tentar debelar as greves sem precisar atender as reivindicações dos trabalhadores. Em qualquer paralisação, pedem que a Justiça decrete a ilegalidade do movimento e tentam sufocar a paralisação pela ameaça da multa. Em alguns casos dá certo, mas cada vez menos os sindicatos se assustam com isso. Se houver ilegalidade de fato, tem-se mais é que ir à Justiça mesmo. A prestação de serviço público, afinal, é interesse de todos. No entanto, a postura do Judiciário, em alguns casos, praticamente inviabiliza o exercício do direito de greve – princípio esse que é um valor crucial em qualquer democracia. De qualquer forma, é importante que os governantes entendam que greve não se resolve apenas nos tribunais, nem mesmo principalmente lá. Aliás, durante muito tempo, elas foram totalmente proibidas por lei, como na Constituição de 1934, ou restritas, na Carta de 1967. Nem por isso deixaram de ocorrer. A negociação é imprescindível e insubstituível. Caso contrário, pode até não haver paralisação, ou ela ser debelada. Mas as insatisfações se acumularão e constituirão um barril de pólvora. Foi assim que, por anos a fio, o descontentamento dos policiais cearenses foi empurrado com a barriga. Até que veio a explosão.

O MELHOR NEGÓCIO DO MUNDO
O título acima poderia ser também “o pior negócio do mundo”. Tudo depende do lado do balcão de que se observa a coisa. O discurso contra as privatizações foi o mantra principal da campanha que reelegeu Lula em 2006 e daquela que levou Dilma Rousseff à vitória em 2010. Retórica vazia. A rigor, o que aconteceu nos aeroportos de Cumbica, Viracopos e Brasília não foi privatização, mas concessão da exploração por período determinado. Mas o mesmo aconteceu com a Coelce no Ceará – não privatização, mas concessão – e ainda assim a velha esquerda sempre demonizou a atitude do governo tucano. Em todas as situações, o que há é retirada do Estado das atividades e entrega para que a inciativa privada administre. Não é necessariamente ruim, a depender da área e da prioridade de governo. Mas os petistas sempre trataram como se fosse, inclusive nas campanhas presidenciais. O que é ruim é o fato de a quase totalidade dessa privatização ser custeada pelo Estado. É a mesma receita condenada pelos petistas nos tempos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O governo tanto comemorou o valor obtido no leilão, mas será o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que financiará 80% do negócio. Observe: o banco deve financiar prioritariamente a produção. Usará o dinheiro, contudo, para custear a aquisição pela iniciativa privada do direito de explorar o patrimônio público. E, ao melhor estilo do velho PSDB, o dinheiro do leilão servirá para engordar o superávit primário. Ou seja, dinheiro que deveria ir para a produção, por vias tortuosas, irá custear a dívida pública. E a presença do governo no financiamento da venda de seu patrimônio não termina aí. Os fundos de pensão estatais têm forte presença nos consórcios vitoriosos. Para os vencedores do leilão, é um negócio e tanto. Já o governo – leia-se eu e você –, fica sem o patrimônio por umas boas décadas e ainda financia o pagamento da fatura pelos concessionários, a juros generosíssimos.
 
 
 
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Matéria extraida do Portal O Povo


Um comentário:

  1. os profissionais de segurança pública não aguentavam mais tanta humilhação por parte dos governantes. seus familiares estavam em exaustão. é chegada a hora de reconhecer que a vida que um pm ou bombeiro salva, não tem preço. que as policias militares fazem parte da história do pais: seja interna ou externamente, com participação efetiva em guerras e levantes em outros Estados. é chegada a hora de resgatar a identidade e a dignidade desses profissionais.

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