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terça-feira, 24 de abril de 2012

Carta dos Monólitos



 Carta dos Monólitos
Os Monólitos de Quixadá, o Maciço de Baturité, a Chapada do Araripe
e a Serra da Ibiapaba, em razão de suas excepcionais belezas naturais e
valores culturais, foram aceitos como membros da Associação de Montanhas
Famosas do Mundo (World Famous Mountains Association-WFMA), criada
na China, em 2009. Esta instituição conta hoje com 24 membros de diversos
países de todos os continentes e visa a difundir práticas de conservação das
montanhas que favoreçam o desenvolvimento local em bases sustentáveis.
Os membros dessa Associação contam com o privilégio de poder contar com
a colaboração de seus pares para a troca de experiências, ajuda e promoção
mútua, oportunizando assim grande visibilidade internacional e acesso ao
conhecimento sobre práticas inovadoras e bem sucedidas relacionadas ao
progresso, aliando a promoção humana e aos cuidados ambientais.

Atento a essa questão, representantes das Montanhas Famosas
do Ceará, incluindo lideranças comunitárias, empresariais e universitárias,
membros das três esferas de governo, além de outros atores, reuniram-
se na cidade de Quixadá, em 13 de dezembro de 2012, no I Colóquio
das Montanhas Famosas do Estado do Ceará, objetivando discutir as
oportunidades e desafios com vistas à promoção do desenvolvimento
sustentável nos seus territórios, tendo como referência a visão da Associação
de Montanhas Famosas do Mundo.1 A Carta dos Monólitos apresenta
uma síntese das conclusões dos participantes, pretendendo subsidiar um
planejamento estratégico e participativo voltado ao alcance desse objetivo.

Os participantes do I Colóquio reconhecem que os membros cearenses
dessa Associação apresentam grande potencial para um desenvolvimento
sustentável baseado na conservação e valorização do patrimônio (natural e
cultural) e no empreendedorismo. Argumentam ademais que, não obstante as
vantagens competitivas e os avanços alcançados em algumas dessas áreas,
persistem ainda vários fatores que restringem o pleno aproveitamento dessas
potencialidades. A convergência de esforços da população local, governos e
empreendedores torna-se imprescindível para a superação desse desafio.

As discussões realizadas foram orientadas pelos seguintes temas:
patrimônio em suas diversas manifestações, empreendedorismo e governança.
Como princípio, os participantes argumentaram que a valorização da paisagem
desses territórios (em suas diversas manifestações) constitui uma estratégia
promissora para promover o desenvolvimento sustentável e, assim, defendem
a preparação de projetos estruturantes voltados à conservação e valorização
do patrimônio, à qualificação urbanística e à agregação de valor aos produtos

Tomaram parte no I Colóquio das Montanhas Famosas do Estado do Ceará os representantes das seguintes
instituições: Instituto Federal do Ceará-IFCE, Universidade Federal do Ceará-UFC, Faculdade Católica Rainha do
Sertão, Faculdade de Ciências e Letras do Sertão Central-FECLESC/UECE, SEBRAE-Ce, Universidade Vale do
Acaraú-UVA, Prefeitura Municipal de Quixadá (Secretária de Educação, Secretaria de Administração, Secretaria
de Infraestrutura e Meio Ambiente, Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Fundação Cultural de
Quixadá, Museu Histórico Jacinto de Sousa), grupos culturais e empresários do setor de turismo/hoteleiro de
Quixadá, Associação da Agricultura Familiar de Quixadá, Prefeitura Municipal de Guaramiranga, grupos culturais
de Guaramiranga, Geopark Araripe, Projeto “Território da Cidadania”, Instituto de Convivência com o Semi Árido,
Justiça Federal, Instituto Superior de Estudos, Pesquisas Acadêmicas e Tecnológicas-ISEPAT, Secretaria das
Cidades do Governo do Estado do Ceará e Associação das Montanhas Famosas do Mundo (World Famous Mountains
Association-WFMA).

locais, num envolvimento compromissado de vários segmentos da sociedade,
sob a orientação de uma governança participativa. Nesse sentido, solicitam
apoio dos governantes e instituições de fomento para viabilizar essa estratégia.

Numa visão multidimensional contextualizada do desenvolvimento,
o gerenciamento dos programas e projetos deverá envolver as dimensões
econômica, social, cultural, política e ambiental para o alcance dos resultados
almejados. Em um primeiro momento, para o aproveitamento do atraente
patrimônio representado pelas montanhas, tornam-se necessários estudos
detalhados abrangendo os respectivos biomas e todo o complexo patrimonial,
cultural (material e imaterial) e natural, através de adequadas atividades
de identificação e documentação (levantamentos e inventários), proteção
(tombamentos, registros, chancelas e acautelamentos) e promoção (processos
de divulgação em diversos meios de comunicação). Tais estudos possibilitarão
a identificação de alternativas de conservação e aproveitamento sustentável
das potencialidades, tendo em vista a valorização dos territórios, fortalecimento
de suas identidades e promoção de atividades produtivas, inclusive culturais e
turísticas.

Ademais, para gerenciar com habilidade a rede de interdependências e
demandas em que se encontram os territórios das Montanhas Famosas, torna-
se necessária a formação de uma governança coletiva. Essa nova governança,
inspirada em um paradigma de desenvolvimento territorial, compreende novas
práticas que facilitem a gestão dos interesses coletivos e a construção de
consensos para que se cumpra a missão de contribuir com as novas relações
de poder, ampliando a democracia e a cidadania. Tudo no sentido de serem
desenvolvidos programas estruturantes descentralizados que se caracterizem
pela convergência, pela parceria, pela flexibilidade e pela inovação, sempre
negociados e focados na visão de sustentabilidade.

Com o firme propósito de desenvolver os territórios das Montanhas
Famosas do Ceará, aproveitando sua vinculação com a Associação de
Montanhas Famosas do Mundo, formou-se no I Colóquio, uma equipe
mobilizada para atuar num alto nível de comprometimento e dedicação.
Esta Carta dos Monólitos representa a união dos territórios das Montanhas
Famosas do Ceará em volta de um processo de vivência que imprime sentido e
significado a um espaço geográfico. Os atores envolvidos esperam sensibilizar
governantes e sociedade civil em torno da proposta de ancorar o processo
de desenvolvimento na conservação do patrimônio cultural e natural e na
valorização das identidades dos territórios.



Postada:Gomes Silveira
Fonte:Sandra Venâncio

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