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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Caso cachoeira - Senador nega acusações e diz que foi traído


Além do processo no Conselho de Ética, Demóstenes é também alvo de inquérito aberto pelo STF

Brasília. Em depoimento que durou cerca de 5 horas, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) rebateu ontem, ao Conselho de Ética do Senado, todas as acusações de que teria atuado em favor do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ou de que teria participação em negócios do bicheiro.


O senador disse que enfrenta o "pior momento" da sua vida por ser vítima de uma "campanha sistemática orquestrada" para prejudicá-lo

No depoimento, que começou por volta das 10h e acabou às 15h30, o senador disse que enfrenta o "pior momento" da sua vida por ser vítima de uma "campanha sistemática orquestrada" para prejudicá-lo. O senador disse ainda que "redescobriu Deus" em meio às acusações.

Além do processo no Conselho de Ética, Demóstenes é também alvo de inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que solicitou ainda a quebra do sigilo bancário do senador por suas ligações com Cachoeira, preso desde fevereiro.

"Nunca sofri tanto na minha vida. Sou homem que tenho vergonha na cara. Fiquei um mês para entrar no Senado e ter coragem de olhar para os senadores. Ninguém pode usar o nome de Deus como estratégia de defesa. Eu sou um carola. Já era por conta da minha mãe, mas confesso que fiquei nesse tempo meio perdido".

Traição

Em resposta a um questionamento do senador Humberto Costa (PT-PE), Demóstenes afirmou se sentir traído por Cachoeira, com quem admitiu relação de amizade. Admitiu ter recebido um rádio Nextel de presente de Cachoeira, mas negou que falava exclusivamente com o empresário. Ele considerou um "erro" ter recebido o presente.

O senador confirmou que recebeu inúmeros pedidos de Cachoeira, inclusive para fazer lobby em favor do empresário no Congresso e no governo. Ele confirmou que foi à Anvisa pedir em favor da empresa farmacêutica do empresário, mas disse que repetia essa conduta para várias empresas de Goiás. "Nem tudo que se diz, se faz. Às vezes, para se livrar de um interlocutor, de uma conversa. Muita coisa não aconteceu porque eu não fui atrás. Eu fazia isso por gentileza, como fazia com muitos outros".

Após ser questionado sobre o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), Demóstenes acusou o procurador de prevaricar e omitir-se ao não dar prosseguimento à Operação Vegas da Polícia Federal.

Disposto a falar sobre todas as acusações da Polícia Federal - e não apenas sobre o processo que tramita no conselho -, o senador negou ter recebido R$ 3 milhões de Cachoeira, como confirma um dos diálogos da operação. Diz que vai apresentar extratos das suas contas.

CPI aprova quebra de sigilo da Delta no País

Brasília. A CPI do Cachoeira aprovou ontem a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico da Delta nacional, a partir de 1º de janeiro de 2003 até hoje. O requerimento ganhou força depois que se revelou o uso de dinheiro de contas da Delta Nacional para abastecer empresas de fachada utilizadas pelo esquema de Carlinhos Cachoeira.

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), protagonista do polêmico torpedo enviado ao governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), foi o único a votar contra.

O presidente da comissão, Vital do Rêgo, também anunciou o adiamento da votação do requerimento para a convocação dos governadores Marconi Perillo (Goiás), Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e Sérgio Cabral (Rio de Janeiro).

O adiamento da decisão foi anunciado após o deputado Gladson Cameli (PP-AC) apresentar questão de ordem sobre a legalidade da convocação de chefes do Executivo.

A estratégia fora definida pela manhã, em conversas reservadas com a participação de integrantes da base governista e de oposição. O presidente da CPI pediu um parecer técnico sobre a convocação de governadores, que só ficará pronto na próxima semana. "Vou basear-me em parecer técnico da minha assessoria para responder a questão".

O senador Pedro Taques (PDT-MT) foi contra: "Uma CPI pode ouvir autoridades dos três poderes. Esta é uma CPI do Congresso. Governador pode ser ouvido em CPI, sim. O argumento não encontra razão na Legislação e na Constituição. Falar que CPI não pode ouvir governador falece a qualquer legalidade.

Nos bastidores, PT, PSDB e PMDB trabalharam para tentar evitar a convocação dos governadores.


Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste

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