
Brasília. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, repassou ontem, a representação de partidos da oposição contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Procuradoria da República no Distrito Federal, que atua na primeira instância do Judiciário.
Segundo a assessoria de imprensa da Procuradoria Geral da República, a decisão de Gurgel se deve ao fato de Lula não possuir mais foro privilegiado por ter deixado a Presidência.
A decisão do procurador Roberto Gurgel se deve ao fato de Lula não possuir mais foro privilegiado por ter deixado a Presidência
Na segunda-feira, 28, partidos da oposição pediram ao Ministério Público que investigue se Lula cometeu crimes de tráfico de influência, coação em processo em andamento e corrupção ativa.
Lula teria pressionado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes a apoiar o adiamento do julgamento do mensalão em troca de proteção na CPI que investiga as relações do empresário Carlinhos Cachoeira com empresas e políticos.
Isso porque Mendes teria se encontrado com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) durante uma viagem a Berlim. Demóstenes responde a processo no Conselho de Ética do Senado por quebra de decoro por conta de suas relações com Cachoeira, preso desde fevereiro acusado de comandar uma rede de jogos ilegais. Na segunda-feira, Lula declarou-se "indignado" ao negar ter pressionado Mendes. Ele confirmou o encontro, mas disse que o conteúdo da conversa relatado pela revista é "inverídico".
Intrigas
A assessoria de imprensa do Instituto Lula informou, no final da tarde de ontem e, que o ex-presidente petista não iria se pronunciar sobre as novas declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes que disse que está tratando com "gângsteres".
Segunda-feira, o ex-presidente já havia afirmado em nota estar "indignado" com a divulgação de que se reuniu com o ministro da STF para pedir o adiamento do julgamento do mensalão, previsto para agosto. No comunicado, o ex-presidente destaca que indicou oito ministros da corte e que "nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja".
Destacou ainda que o ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza foi reconduzido ao cargo por ele após apresentar a denúncia do mensalão.
Em meio à polêmica sobre o seu encontro com Mendes, Lula mantém a sua agenda de compromissos. Hoje, estará em Brasília no 5º Fórum Ministerial de Desenvolvimento.
O presidente Marco Maia (PT-RS) saiu em defesa de Lula. Ele afirmou ter dúvidas sobre o comportamento de Gilmar Mendes e disse não acreditar na versão dada por ele. Segundo o presidente da Câmara, é inevitável que políticos perguntem a ministros do STF sobre o julgamento do mensalão. "Eu não acredito que o presidente Lula tenha expressado ou tratado o assunto", disse.
Mendes: Lula quer ´melar´ julgamento do mensalão
Brasília. O ministro Gilmar Mendes afirmou ontem que o ex-presidente Lula seria a "central de divulgação" de intrigas contra ele e que a tentativa de envolver seu nome no esquema do empresário Carlos Cachoeira, tem como objetivo "constranger o tribunal" para "melar o julgamento do mensalão".
"O objetivo era melar o julgamento do mensalão. Dizer que o Judiciário está envolvido em uma rede de corrupção. Era isso. Tentaram fazer isso com o Gurgel e estão tentando fazer isso agora", afirmou o ministro. Ontem, Gilmar Mendes disse que desde sempre defendeu a realização do julgamento do mensalão ainda este semestre.
Visivelmente irritado e com o tom de voz alterado, Mendes diz que foi alvo de "gângsteres", "chantagistas" e "bandidos", que estavam "vazando" informações sobre um encontro que teve com Demóstenes, em Berlim, e que a viagem teria acontecido após Cachoeira disponibilizar um avião. "Não viajei em jatinho coisa nenhuma", disse o ministro, que apresentou notas e cópias de suas passagens aéreas emitidas na TAM pelo Supremo Tribunal Federal.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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