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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Clima de medo pela paralisação também atinge Interior do Ceará


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1 - Centro fica vazio
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2 - Segurança privada
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3 - Movimento cai na Praia do Futuro
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4 - Trinta viaturas do Ronda liberadas
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5 - Alunos sem aula
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6 - Lojas fechadas e ônibus vazios
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7 - Pneus são furados

Em Sobral, Crato, Juazeiro e Limoeiro do Norte houve adesão e surgiram muitos boatos de assaltos
Apesar de Fortaleza ter sido a principal fonte de boatos e de casos reais de violência registrados desde a deflagração da paralisação de policiais militares e bombeiros, o medo da violência também se instalou no Interior.

No Cariri, por exemplo, desde o meio-dia de ontem, circularam informações de que teriam havido assaltos e arrastões nos centros comerciais das principais cidades da região. No Crato e em Juazeiro do Norte, as ruas com maior movimento comercial ficaram desertas.

Houve boatos de casas lotéricas e lojas assaltadas e de assassinato em Crato. Até os romeiros que chegavam a Juazeiro interromperam a viagem nas cidades próximas por conta da insegurança. Alguns ônibus permaneceram em Abaiara.

Integrantes das cinco companhias da Polícia Militar ligadas ao 2º Batalhão da PM (2º BPM), sediado em Juazeiro do Norte, paralisaram atividades.

No Crato, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Francisco Lopes Parente, a decisão de fechar as lojas partiu dos próprios lojistas. No final da tarde, ele disse que notícias de assaltos a lojas da cidade não passaram de boatos.

Na cidade natal do governador Cid Gomes (PSB), Sobral, mais de 150 policiais aderiram à paralisação. Doze viaturas do Ronda estavam com os pneus baixos e estacionadas no pátio do 3º Batalhão da PM do município. Bombeiros, policiais e familiares acamparam no quartel e mantiveram portões trancados.

Em Limoeiro do Norte, ontem pela manhã já não havia policiais nas ruas. No início da tarde de ontem, vários pontos comerciais foram fechados.

A ausência de policiais nas ruas facilitou roubos a lojas e furtos de bicicletas e motocicletas, mas apesar dos boatos não se confirmaram arrastões em Limoeiro, Quixeré, Tabuleiro e Russas. "Não adianta ter viatura nova e bonita e o resto a gente que se vire", reclamou um policial militar de Limoeiro que há 22 anos exerce a profissão.

Sobral
150 PMs aderiram à paralisação na cidade de Sobral. Os grevistas que acamparam no quartel mantiveram os portões trancados e secaram os pneus das viaturas

Centro fica vazio
Mesmo com pouca movimentação, as lojas do Centro estavam funcionando normalmente até às 9 horas de ontem, mas, ao poucos, o cenário foi sendo modificado. Na Praça do Ferreira, por exemplo, com a notícia de arrastões, o que se viu foi o desespero de clientes correndo e lojistas fechando as portas dos estabelecimentos comerciais.

Também por causa de boatos de arrastões, a situação não foi diferente no entorno do Mercado Central. Populares buscaram refúgio dentro do prédio, que também fechou as portas.

A aposentada Nizita Vilar, 58, é da Paraíba e está há três dias na cidade para compras. Ela informa que estava dentro do Casarão dos Fabricantes quando viu a movimentação. "Fiquei muito assustada, sem saber o que fazer", lamenta.

Turistas também ficaram sitiados no Centro de Turismo do Ceará (Emcetur), na Rua Senador Pompeu. Segundo o administrador do prédio, Laéti Fernandes, o fechamento foi por apenas por 15 minutos. (Foto: Alex Costa)

Segurança privada
Na Avenida Dom Luís, seguranças particulares armados foram vistos no Shopping Pátio Dom Luís. Segundo funcionários dos estabelecimentos comerciais, a orientação da direção do empreendimento era que as lojas fechassem.

No restaurante Dallas, o proprietário Luís Carlos Hickmann disse que abriria para o almoço, mesmo com a presença de poucos clientes. No entanto, disse que não sabia se iria funcionar no jantar. Por precaução, providenciou o reforço da segurança no restaurante.

No Edifício Harmony Medical Center, os acessos pela Rua Pereira Valente e Avenida Dom Luís foram bloqueados. A medida foi preventiva, pois nenhuma tentativa de assalto foi registrada no período da manhã. "A cidade está uma zorra danada, estão tomando tudo", diz o aposentado Carlos Alberto Araújo, 70 .

Já na Avenida Santos Dumont, por conta do clima de insegurança muitas lojas estavam fechadas. Apenas uma viatura da Divisão de Homicídios foi vista. (Foto: Lucas de Menezes)

Movimento cai na Praia do Futuro
O movimento na Praia do Futuro até foi intenso nos dois primeiros dias de 2012, mas, ontem, devido ao sentimento de insegurança gerado pela greve da Polícia Militar e pelos boatos sobre a onda de arrastões na cidade, quem estava no lugar não quis arriscar e foi embora.

Segundo a presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro (AEPF), Fátima Queiroz, apesar do reforço da segurança em todas as barracas, 80% das pessoas já tinham saído do local por volta das 14 horas, período em que todos os estabelecimentos deveriam estar lotados.

"Em janeiro, mês da alta estação, quase todas as mesas ficam ocupadas. Ontem, o movimento foi bom até às 11 horas, mas foi caindo aos poucos. Muitos estavam com medo", afirma Fátima.

Ela também afirma que boa parte dos funcionários também foi dispensada mais cedo, principalmente os que moram em bairros mais distantes da praia, tendo em vista que, além da falta se segurança, a possível paralisação dos ônibus de Fortaleza é outro fator que deixa os que dependem dos coletivos temerosos. (Foto: Waleska Santiago)

Trinta viaturas do Ronda liberadas
Trinta viaturas do Ronda do Quarteirão que estavam na posse dos policiais militares e bombeiros, desde o início da paralisação, na noite da última quinta-feira, foram liberadas pelos manifestantes para serem utilizadas no patrulhamento de Fortaleza e da região metropolitana.

Na manhã de ontem, vários reboques transportando os carros da Polícia, que estavam com os pneus esvaziados, podiam ser vistos em vários pontos da cidade, como no bairro Jardim América, onde a Reportagem fez o flagrante. As viaturas estavam sendo levadas para o pátio do Quartel do Comando Geral da PM, na Avenida Aguanambi, e hoje já deverão estar prontas para o policiamento,

A liberação das viaturas foi concedida depois de uma tensa negociação feita pelo coronel Medeiros Filho, chefe da Divisão Jurídica da 10ª Região Militar. A negociação teve também a participação do bispo Dom Edmilson Cruz e de representantes de outras instituições, como a Defensora Pública do Estado.

O general Medeiros informou que este lote de viaturas deverá se juntar aos mais de cem carros que foram cedidos pelo Estado às tropas da Força Nacional de Segurança (FNS) para o policiamento ostensivo da cidade enquanto durar a paralisação dos PMs e bombeiros.

No começo da paralisação, os carros da Polícia foram todos levados para o pátio interno da 6ª Companhia do 5º BPM (Antônio Bezerra). Mas, com o passar dos dias, o espaço ali ficou pequeno e as viaturas passaram a ser deixadas literalmente no meio da rua, ocupando vários quarteirões no entorno do Quartel.

Além das viaturas do Ronda do Quarteirão, também estão parados veículos de outras unidades operacionais da PM, como do Policiamento Ostensivo Geral (POG), do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTUr), Polícia Rodoviária Estadual (PRE), além do Corpo de Bombeiros Militar e da Guarda Municipal de Fortaleza. (Foto: Alex Costa)

Alunos sem aula
O temor de atos de violência também chegou com força no Montese. Na Avenida Professor Gomes de Matos, por exemplo, principal polo comercial do bairro, era possível ver inúmeras lojas fechadas e comerciantes assustados em busca de informações. Em algumas escolas do bairro, as aulas foram suspensas e os alunos, inseguros, foram embora com medo de que algo lhes pudesse acontecer.

No início da tarde, Fortaleza já se encontrava praticamente parada. Em ruas de grande movimentação, como as avenidas Pontes Vieira, Aguanambi e Barão de Studart, a sensação era de que estávamos em um dia de domingo ou em pleno feriado nacional.

Os poucos pedestres que podiam ser vistos nas ruas da cidade estavam nas paradas de ônibus, na expectativa de pegar o coletivo e chegar em casa com segurança. Muitos tiveram esperaram o ônibus por quase meia hora, pois as empresas decidiram que veículos de algumas linhas não circulassem. (Foto: Alex Costa)

Lojas fechadas e ônibus vazios
No bairro de Messejana, grande corredor comercial da Capital, era quase impossível ver algum estabelecimento comercial funcionando ontem. Algumas lojas abriram, mas não deixaram as portas totalmente erguidas, pois as ruas estavam praticamente vazias. Os comerciantes e clientes temiampela invasão dos estabelecimentos pelos bandidos.
Supermercados, pequenos shoppings, farmácias, lojas de confecções, nenhum dos locais registrava movimento intenso de pessoas. Nos ônibus que seguiam para o Terminal do Papicu, por exemplo, ao invés da conhecida lotação, poucos passageiros podiam ser vistos dentro dos coletivos. Muita gente preferiu permanecer em casa. No início da tarde de ontem, um tiroteio assustou moradores do bairro Guajiru, vizinho à Messejana. De acordo com populares, o que ocorreu foi uma briga entre gangues rivais. Um helicóptero da Polícia que sobrevoava o local chamou a atenção de quem passava. (Foto: Waleska Santiago)

Pneus são furados
A todo o momento, no interior do Estado, via-se pelas ruas o reflexo da paralisação da Polícia Militar no Ceará. Em Sobral, município da Região Norte do Estado localizado a 230 quilômetros de Fortaleza, manifestantes furaram os pneus das viaturas do Ronda do Quarteirão, a exemplo do que vinha sendo praticado pelos policiais que participavam do movimento na Capital.

Na tarde de ontem, naquela mesma cidade, uma tentativa de assalto e boato de arrastão provocou pânico e correria. Por causa disso, o comércio baixou as portas às 15h.

Depois deste horário, o centro da cidade ficou parecendo um deserto. Quase não se encontrava viaturas policiais circulando.

O coronel da Polícia Militar, Gilvandro Oliveira, comandante da 1ª Companhia do 3º Batalhão da PM (Sobral), tentava acalmar a população, conversando com os comerciantes do centro da cidade. Mesmo assim, para os moradores e proprietários de comércios locais, a sensação de insegurança não mudava. (Foto: Wellington Macedo)

Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste

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