
A imprensa do nosso estado e as redes sociais têm dedicado um espaço cada vez maior discutindo a continuidade ou não da exótica coligação PT-PSB-PCdoB… e a sua conveniência, tendo em vista o interesse do município. Há ardorosos defensores da sua continuidade – os que advogam a permanência do status quo administrativos da cidade – e há os que defendem uma ruptura nessa coligação, avaliando que a cidade é mal administrada e acreditando no surgimento de um projeto de cidade que esteja sintonizado com os anseios da maioria dos nossos munícipes. Como fortalezense, somos dos que se posicionam pelo seu imediato rompimento, pois entendemos que nada justifica a sua continuidade. Ela nunca existiu como tal e a sua continuidade será motivada por um pragmatismo eleitoreiro que tem um fétido odor de oportunismo político.
Ora, do ponto de vista doutrinário, uma coligação partidária é uma união de forças políticas que visam os mesmos objetivos: a vitória eleitoral e a hegemonia do poder em disputa. Essa aliança pressupõe que os partidos envolvidos possuem afinidades programáticas, têm um projeto
político-administrativo comum e que devem funcionar como uma agremiação partidária durante o tempo em que durar a coligação.
Estes pressupostos nunca balizaram a formação da nossa esdrúxula coligação. Pelo que temos observado no atual condomínio político de Fortaleza, a realidade é diametralmente oposta: os principais parceiros não dialogam, os partidos que formam a coligação possuem orientações
doutrinárias extremamente divergentes e as verdadeiras motivações da grande maioria dos membros da coligação foram a de poder compartilhar das benesses do poder. A própria escolha e montagem do staff administrativo não respeitou os pressupostos que deveriam legitimar a coligação: a prefeita simplesmente loteou a máquina administrativa entre os partidos coligados e, em contrapartida, passou a exigir apoio político incondicional dos confederados.
O exemplo emblemático da não-coligação é a relação conflituosa que marca o cotidiano do não-diálogo entre prefeitura e o governo estadual. Não é por acaso que a cidade de Fortaleza nada ganhou com essa coligação. Só a título de exemplificação, em reunião recente do PSB municipal, o chefe de Gabinete do Governo, secretário Ivo Gomes, reclamava de que, mesmo o Governo Estadual tendo investido mais de cinco bilhões de reais na cidade, mais do que o governo municipal investiu em quase oito anos, a administração Cid Gomes tem sofrido um irracional e sistemático boicote por parte da administração municipal. Por esses e outros motivos, concluímos que a continuidade dessa inominável coligação só ocorrerá por irresponsabilidade política e por um aético e fétido oportunismo político.
* João Arruda, Sociólogo e Professor da UFC.
joaoarruda@ufc.br
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Matéria extraida do Blog Eliomar de Lima
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