Os números sobre a redução de católicos serão ainda mais assustadores, de acordo com padre jesuíta
De acordo com avaliação apresentada na CNBB, dados até agora disponíveis subestimam a queda da porcentagem de católicos
Ainda na expectativa dos dados coletados pelo Censo de 2010, os 335 prelados que participam da 50ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estão assustados com a queda do número de católicos. A percentagem caiu de 83,34% para 67,84% de 20 anos para cá.
Esses números serão ainda mais assustadores de acordo com as informações do IBGE, na previsão do padre jesuíta Thierry Lienard de Guertechin, do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (Ibrades), organismo vinculado à CNBB. Ele apresentou ao episcopado quadro das religiões baseado em levantamento da Fundação Getúlio Vargas e das Pesquisas de Orçamentos Familiares do IBGE, resultado de entrevistas com 200 mil famílias realizadas antes do Censo.
Os dados até agora disponíveis subestimam a queda da porcentagem de católicos e o crescimento de igrejas evangélicas pentecostais. “Perdemos o povo, porque, se o número absoluto de católicos cresce, caíram os números relativos, que dizem a verdade”, alertou o ex-arcebispo de Fortaleza e de São Paulo, cardeal dom Cláudio Hummes, também ex-prefeito da Congregação do Clero no Vaticano.
“Não basta fazer uma bela teologia em pequenos grupos, se os católicos que foram batizados não são evangelizados”, disse o cardeal na missa dos bispos, na manhã de ontem, na basílica de Aparecida. Lembrando que o papa Bento XVI está preocupado com a perda da fé ou descristianização em todo o mundo, a começar pela Europa, dom Cláudio afirmou que “é preciso começar pelo começo”, no esforço para garantir a perseverança dos católicos e reconquista daqueles que abandonaram a Igreja.
De acordo com os dados apresentados pelo padre Thierry, os evangélicos representam 21,93% da população, enquanto 6,72% declaram não terem religião e 4,62% dizem praticar religiões alternativas. Em sua avaliação, essas porcentagens teriam de ser analisadas com mais rigor, porque refletem quadro confuso na denominação das crenças.
O termo católico aparece em sete igrejas, incluindo a Católica Romana, enquanto os evangélicos são identificados com mais de 40 denominações. O grupo mais numeroso depois dos católicos é o da Assembleia de Deus, com 5,77%. “O número de seguidores de Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, que aparece com 1% nas pesquisas é na realidade maior”, estimou o padre Thierry.
A prática religiosa pelos batizados é outra coisa que preocupa dos bispos. Os católicos praticantes - aqueles que vão à missa, recebem os sacramentos e participam da comunidade - são apenas 5%, ou cerca de 7 milhões num universo estimado em pouco mais de 130 milhões de fiéis. Entre os evangélicos, a porcentagem é mais maior. Padre Thierry dá valor relativo ao alto índice de católicos nas últimas décadas do século 19, quando a sua participação na população ultrapassava 99%. É bom lembrar a perseguição sofrida na época pelas religiões afro-brasileiras e os preconceitos sofridos pelos protestantes, diz o diretor do Ibrades. Ao recuar ainda mais na formação religiosa do povo brasileiro, padre Thierry lembra os cristãos-novos ou judeus convertidos à força ao catolicismo, que também eram perseguidos.
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A prática religiosa pelos batizados é outra coisa que preocupa os bispos. Os católicos praticantes são apenas 5%, ou cerca de 7 milhões num universo estimado em pouco mais de 130 milhões de fiéis.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo
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