
Rio de Janeiro. O Brasil assume hoje o comando das negociações na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), prometendo pulso firme para garantir que os impasses diplomáticos sejam resolvidos antes do início da cúpula de alto nível, no dia 20 (quarta), quando ministros e chefes de Estado deverão aprovar o documento final da conferência. "A responsabilidade (agora) é do Brasil", disse ontem o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefe da delegação brasileira.
O documento que está em negociação trata de vários temas ambientais, sociais e econômicos considerados essenciais para colocar o planeta no rumo do desenvolvimento sustentável, como gestão da água, redução da pobreza, segurança alimentar, energias limpas e modelos econômicos "verdes".
O grande dilema é como financiar a implementação desses modelos, para que as eventuais decisões da conferência não fiquem só no papel - como ocorreu com vários dos compromissos firmados na Rio-92, realizada no mesmo centro de conferências há 20 anos. Uma cerimônia marcou ontem o aniversário do encontro, na época chamado de Cúpula da Terra ou Eco-92.
Prazo esgotado
O último dia de reunião do Comitê Preparatório (PrepCom), era, a princípio, para concluir o rascunho final do documento-base. Oficialmente, os negociadores deveriam ter finalizado até ontem o texto para ser entregue aos líderes políticos.
Divergências entre países ricos e pobres, porém, prevaleceram sobre vários temas - especial mente no que diz respeito aos chamados "meios de implementação", que tratam da transferência de recursos financeiros e tecnológicos para países em desenvolvimento, para auxiliar na transição para um modelo de economia verde. A sugestão de um fundo de US$ 30 bilhões por ano para a sustentabilidade proposto por países em desenvolvimento não foi bem recebida por países ricos.
A arquitetura de negociação do texto final até terça-feira deverá ser semelhante à usada nos três dias da PrepCom, segundo Figueiredo Machado, com grupos de trabalho dedicados à discussão de temas específicos e consultas informais entre representantes-chave. Ele deixou claro que o Brasil conduzirá as negociações com pulso firme, e que o novo prazo para fechar o documento é o dia 19 (terça-feira). Segundo ele, só será discutido agora o que é imprescindível.
"O sentimento geral é de que nosso maior inimigo agora é o tempo", disse o indiano Nikhil Seth, que é um dos porta-vozes das Nações Unidas.
Otimismo
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, se disse otimista a respeito do documento final a ser apresentado aos chefes de Estado que participarão da Rio +20. "A sinalização dos nossos negociadores é bastante positiva", contou a ministra que não quis adiantar detalhes.
Brics
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, o chamado Conselhão, vai promover três encontros abertos, durante a Rio+20, para mobilizar sociedades civis do Brasil, da Rússia, da União Europeia e dos países componentes dos Brics, em torno de temas relacionados ao desenvolvimento sustentável. O bloco reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. As atividades serão nos dias 18 e 19 de junho e abertas ao público.
Divisão entre ricos e pobres não faz sentido, dizem EUA
EUA, União Europeia e Japão resistem ao princípio que diz que os ricos devem pagar a maior parte dos custos de preservação do meio ambiente

Stern deu uma entrevista na tarde de ontem para falar da Rio+20. Ele foi questionado sobre o princípio consagrado na Declaração do Rio, um dos documentos finais da Eco-92, pelo qual os países ricos devem pagar a maior parte dos custos da transição para um modelo de desenvolvimento que preserve o ambiente, devido ao seu passivo histórico de consumo excessivo e destruição ambiental.
Na Rio+20, a reafirmação do princípio é uma exigência do G77, que reúne mais de 130 países em desenvolvimento. Mas os EUA, ao lado da União Europeia e do Japão, resistem a isso, alegando que emergentes como China, Índia e Brasil devem contribuir mais. "A contribuição deve ser adequada às circunstâncias de cada país", disse Todd.
Na entrevista, Kerri-Ann Jones, secretária de Estado assistente do EUA para Assuntos Ambientais e Científicos reiterou a posição contrária dos EUA à criação do fundo, com contribuições oficiais e dinheiro novo, para a implementação das metas do desenvolvimento sustentável.

Segurança nacional
Apesar da ausência do presidente Barack Obama, que não virá à Rio+20, Stern afirmou que os EUA dão a máxima importância ao desenvolvimento sustentável e o consideram uma questão de "segurança nacional".
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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