
Em visita ao Diário do Nordeste, na tarde de ontem, o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Teodorico Menezes, se defendeu da acusação de que teria utilizado recursos recebidos por uma associação envolvida no "escândalo dos banheiros" para quitar um imóvel em seu nome, financiado pela Caixa Econômica.
Teodorico Menezes diz que está sendo vítima de interesses políticos e que querem o seu lugar de conselheiro no Tribunal de Contas
Em julho de 2010, um servidor do TCE, integrante dessa associação, teria quitado a dívida com um cheque no valor de R$ 157.800,00. O pagamento teria ocorrido no mesmo dia em que a associação havia recebido R$ 200 mil relativos ao convênio com o Governo do Estado para a construção de kits sanitários.
Teodorico confirmou o pagamento, feito por um procurador seu, mas negou que tenha sido com recursos da associação. "O pagamento existiu. Eu estava devendo 800 mil à Caixa Econômica e esse meu procurador fez um acordo por cento e poucos mil. Foi lá e pagou. Não com cheque da associação. Pagou com dinheiro meu. Tem origem. Tá no meu imposto de renda", disse.
Para o ex-presidente do TCE, o Ministério Público (MP) Estadual tenta confundir ao ligar o pagamento ao recurso recebido pela entidade. "Ele (MP) quer confundir. Achando que esse dinheiro foi da associação. (…) Como é que foi desviado se os banheiros foram todos feitos e entregues?" Ele afirma que não passou na conta dele nenhum recurso dos convênios, nem passou na conta de nenhum familiar. O conselheiro afirmou ainda que se houver qualquer cheque nominal de uma dessas associações depositado na sua conta ou na de seus familiares, "eu renuncio ao cargo de conselheiro amanhã. Não existe isso. São ilações maldosas".
Questões políticas
Teodorico atribui as denúncias envolvendo o seu nome no caso dos kits sanitários a questões políticas. "Estão alardeando esse problema de banheiro para encobrir outros (desvios)", disse ao mostrar uma notícia divulgada pela revista Época sobre o envolvimento de petistas cearenses no desvio de mais de R$ 100 milhões do Banco do Nordeste.
"É uma maldade política em cima de mim. Tem gente de olho no meu cargo. Eles querem que eu me aposente para largar esse cargo para dar a vaga para alguém. Eu não posso citar nomes. Mas há. O que tem de gente achando que eu tenho que me aposentar. A pressão é muito grande", disse Teodorico.
Sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, na quarta-feira (6), determinou o seu afastamento do cargo de conselheiro do TCE além da quebra do seu sigilo bancário e fiscal, e de outros dez indiciados, entre os quais seu filho, deputado Teo Menezes, Teodorico se disse surpreso com a rapidez da decisão, mas que irá provar a sua inocência com documentos.
O conselheiro afastado, afirmou que todos os kits sanitários foram construídos e entregues. Sobre o atraso para entrega das obras ele atribuiu ao período eleitoral, "porque se fizesse, iam dizer que era troca de voto" e pelas chuvas de 2011. "Foi o maior inverno de todos os tempos nesses últimos 10 anos". E voltou a negar o envolvimento com as associações responsáveis pela construção dos kits.
Instituição
"Não tenho nada a ver com isso. Cada presidente faz o seu. Tem pessoas ligadas a mim que realmente há muito tempo faz esse tipo de convênio. (...) Tenho um filho (Thiago Menezes) que é presidente (de uma associação) que tem 60 anos. Que vem do meu avô. (Que já fez) vários convênios. Tudo dentro da norma. Eu não tenho nada a ver. Não assinei. Não autorizei", disse Teodorico.
Sobre o seu pedido de afastamento da Corte de Contas, Teodorico disse que o fez "para zelar o nome da instituição". "Até pra ficar isento". Questionado se pretende voltar ao Tribunal, o ex-presidente do TCE foi breve: "Deus sabe. Eu acho que pretendo. Vai dar tudo certo. Eu pretendo até para lavar essa imagem perversa, traiçoeira, covarde que estão fazendo comigo".
Acórdão
Os representantes do Ministério Público que estão acompanhando o caso estão aguardando agora a publicação do acórdão da decisão da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para dar entrada nas ações judiciais na busca de recuperação dos recursos e a condenação dos envolvidos nos desvio do dinheiro destinado à construção de banheiros em residências pobres do Interior do Estado
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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