
No entendimento de alguns cearenses, o governador Cid Gomes estava respaldado pelo Governo Federal quando disse da pretensão de o Estado assumir parte das obras delegadas à Prefeitura de Fortaleza, no caso os três túneis incluídos no amplo projeto de mobilidade urbana, com o objetivo de atender às necessidades de escoamento do tráfego, com vistas à Copa do Mundo.
Fac-símile de matéria informando que as obras para a Copa do Mundo seriam um complicador ao entendimento político sobre a continuidade ou não da aliança
No dia 3 de abril de 2011, o fac-símile ao lado indica a matéria, nós afirmávamos que as obras para a Copa do Mundo seriam mais um complicador ao entendimento político sobre a continuidade ou não da aliança entre o governador e a prefeita da Capital.
Naquela oportunidade, reavivando a memória do leitor, está escrito: "as obras municipais indispensáveis para Fortaleza ser uma das sedes dos jogos da Copa do Mundo de 2014 são o mais novo complicador na relação política do governador Cid Gomes com a prefeita Luizianne Lins. Há, no momento, uma certa desconfiança quanto à disposição da administração municipal, cujo encerramento dar-se-á em dezembro de 2012, de cumprir os compromissos assumidos em seguir o cronograma estabelecido para a efetivação das obras e serviços exigidos pelos promotores do evento".
Naquela oportunidade, apoiado em manifestações de políticos ligados à estrutura de Governo, também nos reportamos sobre alternativas estudadas, já àquela época, para o Estado absorver a parte reservada ao Município de Fortaleza.
Ineficiência
Politicamente, para a prefeita Luizianne Lins, as declarações do governador de estar o seu Governo querendo executar as obras de competência da administração municipal, tiveram impacto muito negativo. Embora ele tenha falado em ajuda, na verdade, está explícito para todo e qualquer observador que a manifestação encerra uma denúncia de ineficiência da gestão.
Talvez pela tensão política, quando pode ser chamado de periclitante o momento experimentado pela a coligação dos partidos de Cid e Luizianne, a reação da prefeita tenha sido, até certo ponto comedida, inclusive deixando transparecer aceitar a transferência das obras.
Questiúnculas político-partidárias de lado, a questão levantada por Cid Gomes suscita uma boa reflexão. Essas obras de mobilidade urbana já deveriam ter sido feitas há muito tempo, houvesse disposição dos detentores de mandatos eletivos tanto no Executivo quanto no Legislativo federal, estadual e municipal.
Agora, estamos a discutir o tempo de execução dessas obras, não em razão das necessidades dos fortalezenses e cearenses em geral, mas pelo fato de ser a Capital uma das sedes de jogos da Copa do Mundo em 2014. Nem a Copa das Confederações, um ano antes daquela, motivou esse projeto de mobilidade. Em Fortaleza, agora, deveríamos estar discutindo outros avanços de modernidade e bem-estar para o seu povo.
Coligação
As declarações do governador sobre as obras da Copa do Mundo deixaram os petistas de certa forma contidos pela delicadeza do momento. Cid e Luizianne devem falar da continuidade ou não da aliança que os reuniu em palanques desde a eleição de 2006, hoje, em Sobral.
A prefeita vai até lá acompanhada do presidente nacional do seu partido, Rui Falcão, levando o nome de Elmano de Freitas como candidato do PT, embora Cid já tenha afirmado que isso é uma imposição. E não aceita imposição. Ela leva o nome de Elmano porque os delegados do PT, sob sua liderança, mais de 70% de um total de 300, já receberam orientação de aprovarem, hoje, aquele nome para representar o partido na eleição.
Para alguns, Rui Falcão ponderará para que Cid aceite o nome. Qualquer que seja o desfecho da conversa, já estaria acertado que o ex-presidente Lula, ainda hoje, faria uma ligação telefônica para Cid, reforçando o apelo em favor da manutenção da aliança. Cid esteve com Lula, na terça-feira, 22 de maio.
Não será um diálogo fácil este que acontecerá em Sobral. Os ânimos estão realmente muito exaltados. Há, sim, interesses políticos, embora divergentes, da parte dos dois políticos, que convergem para a manutenção da aliança. Luizianne só vislumbra com a manutenção da coligação a eleição do seu sucessor. E Cid olha para o campo nacional, razão de sua posição de cautela diante da inquietação dos seus correligionários no PSB com a ainda aliança com o PT.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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